JESUS E A FAMÍLIA

08/11/2010 20:53

        A primeira demonstração clara, no Novo Testamento, de que Deus ama e valoriza a familia é que o primeiro capítulo do Evangelho de Mateus começa com um relato histórico da família de Jesus. É a genealogia de Jesus.

A FAMÍLIA DE JESUS

        Deus poderia ter enviado Jesus ao mundo, já na fase adulta. Sem dúvida alguma, isto poderia ter acontecido. Mas não foi assim que aconteceu. Jesus, o Deus encarnado, nasceu como todos os bebês nascem após meses de gestação, embora sua fecundação tenha-se dado pela atuação exclusiva do Espírito Santo. José, esposo de Maria, não teve qualquer participação neste processo biológico (Mt. 1:18).

NÃO HÁ FAMÍLIAS PERFEITAS

        Ao ler um pouco sobre os antepassados de Jesus, descendente da tribo de Judá, chegamos a uma conclusão muito importante: não há famílias perfeitas. O texto de Mateus 1:1-17 menciona nomes de homens e mulheres que cometeram os mais sórdicos pecados que um ser humano pode cometer. Só para lembrar alguns deles, podemos verificar na história bíblica que Abraão mentiu (Gn. 12:10-20); Jacó trapaceou seu irmão (Gn. 27); Davi, o personagem que é mais citado nas páginas da Bíblia, conhecido também como sendo “o homem segundo o coração de Deus”, cometeu adultério com Bete-Seba e planejou a morte de seu esposo, Urias (II Sm. 11). Salomão praticou a idolatria influenciado pelas inúmeras mulheres que teve em sua vida (I Rs. 1:1-6). Poderíamos também lembrar dos pecados de Roboão, Ezequias e tantos outros nomes que aparecem na lista dos antepassados de Jesus.

        A família de Jesus não era perfeita e nem a nossa também não é. Talvez existam em nossas famílias, ou na história dos nossos antepassados, histórico de assassinato, abuso sexual, adultério, estelionato e tantos outros delitos que nos fazem, as vezes, envergonharmo-nos de pertencermos a uma família com tantos problemas. Quando cultivamos este tipo de pensamento, devemos pensar em duas verdades muito importantes. Primeira verdade: Deus está cumprindo um propósuto através de nossa história familiar. Apesar de todas as falhas humanas dos antepassados de Jesus, Deus tinha um santo propósito a cumprir naquelas vidas. A segunda verdade que devemos lembrar é que não há pecado familiar que Deus não possa perdoar e cobrir o faltoso com sua maravilhosa graça.

PAIS MODELOS

        Embora, como já afirmamos, José não tinha sido o pai biológico (Mt. 1:24-25) seu papel no crescimento de Jesus é digno de nota. Lucas é o escritor que mais dá informações sobre a vida de Jesus no seio de sua família. Através dessas informações chegamos à conclusão que Maria e José, pai adotivo de jesus, deixaram para nós lições valiosas acerca do tipo de paternidade ou maternidade que Deus deseja para nós hoje. As lições que aprendemos são as seguintes:

        A primeira delas: A vontade de Deus é que os filhos nasçam e sejam criados numa família em que tenha a presença do pai e da mãe. Muitos nascem em lares em que um dos pais esta ausente. Por vários motivos, isto pode acontecer, e nem por isso estão marcados para viverem uma vida infeliz, mas o ideal para uma criança é crescer tendo em seus primeiros anos o referencial feminino e masculino.

        A segunda lição: Pais e mães, ambos, devem ser responsáveis pela educação dos seus filhos. Temos percebido hoje uma tendência de colocar sobre a mulher a tarefa de educar os filhos, enquanto o homem é tão-somente responsável pelo sustento financeiro. O modelo da família de Nazaré não nos indica a seguir este caminho. Várias vezes nos relatos bíblicos vemos Maria e José sendo parceiros na educação religiosa de Jesus e ambos sentiam-se responsáveis por sua integridade (Lc. 2:22; 41; 48). A tarefa de orar pelos filhos e encaminhaá-los pelos caminhos retos não é uma tarefa exclusiva da mãe ou do pai, mas de ambos.

        A terceira lição: Os filhos não são nossos, mas de Deus. Maria ensina-nos esta verdade no episódio de Caná da Galiléia (Jo. 2:1-11). Ali ela demonstrou atraves de sua palavra que Jesus era um homem especial e que só Ele poderia resolver aquele problema. Mais tarde, ao pé da cruz (Jo. 19:25), Maria, através daquela cena, ensina-nos que aquele homem tinha vindo ao mundo para uma missão especial e que ela fora apenas uma serva nas mãos de Deus para cumprir aquele propósito.

JESUS PROTEGE A FAMÍLIA

        O ministério de Jesus começou num ambiuente de família. Numa cerimônia de casamento (Jo. 2:1-11), procurou encaminhar sua mãe, após a sua morte, aos cuidados de João (Jo. 19:26-27). Várias vezes podemos ler o quanto gostava de viver perto das famílias dos seus seguidores. Foi recebido por Pedro (Mt. 8:14,15), foi hóspede de Levi (Mt. 9:9-10), foi numa casa que celebrou a última ceia (Mt. 26:18; Lc. 22:10-13), atendeu à súplica de Jairo e foi até a sua casa curar sua filja (Lc. 8:40-56), mas era no lar em Betânia que se sentia mais à vontade (Mc. 14:3, Lc. 10:38, Jo. 12:1-11).

        Durante o seu ministério, procurou fortalecer a família falando da importância da pureza sexual,  quando tratou acerca do adultério (Mt. 5:28), do perdão para com aqueles que cometem este deslize (Jo. 8>1-11), ensinou sobre celibato (Mt. 19:11-12), valorizou as crianças (Mt. 18:1-6, 13-15; Mc. 9:33-37, 10:13-16; Lc. 9:46-48, 18:15-17); dignificou as mulheres tendo-as como suas seguidoras (Lc. 8:1-3), elogiou uma delas pela demonstração de fé (Mc. 14:3), deixou ser tocado por uma mulher excluída por sua enfermidade (Mc. 5:27), mas uma outra grande demonstração do seu amor e cuidado para com a instituição da família está nos seus ensinamentos sobre o casamento e o divóircio.

JESUS, O CASAMENTO E O DIVÓRCIO

        Como já foi afirmado, Jesus começou a demonstrar seu cuidado para com a família numa cerimônia de casamento (Jo. 2:1-11). Não é significativo este fato histórico? Por que Ele não realizou seu primeiro milagre num palácio, no templo, numa sinagoga, numa cerimônia fúnebre?

        Sua preocupação para com a família, conforme o relato de Mateus 19:1-10, deu-se em deois sentidos: Na reafirmação de que a base da família está no casamento e dos seus ensinos sobre divórcio e novo casamento.

        Jesus afirmou que o casamento é obra de Deus. Não é uma instituição humana ou que foi instituido por um decreto do poder público e que ele, Deus, sempre idealizou como sendo uma união heterossexual, isto é, uma união entre um homem e uma mulher (Mt. 19:4), e que essa união, ainda sobre o propósito divino, que seja indissolúvel, sem intenção de separação (Mt. 19:6).

        Questionado sobre a lei judaica da possibilidade de separação, Jesus faz uma outra afirmação importante: A causa do divórcio é sempre de ordem espiritual. A expressão “dureza de coração” (Mt. 19:8) aponta para esta verdade. Logo a seguir, Jesus coloca a única possibilidade para haver um divórcio e um possível novo casamento. No caso de “imoralidade sexual” (Mt. 19:9). A palavra usada, no grego, por Jesus foi “pornéia”, um termo genérico que se aplica a práticas sexuais ilicitas (adultério, fornicação, homossexualismo, incesto, bestialidade). Jesus, ao falar sobre esta cláusula, procurou ensinar os seus discípulos que não deveriam seguir os caminhos que a sociedade da sua época defendia, isto é: a possibilidade de divórcio por motivos tão fúteis e banais. Infelizmente, temos visto isso esta tendência muitas vezes entre os diuscípulos de Cristo hoje.

CONCLUSÃO

        Jesus foi um homem de família. Sua vida em família, seus relacionamentos e cuidado para com famílias da sua época, seus ensinos sobre pureza sexual, casamento, divórcio, celibato deixam claros para nós que a instituição da família deveria receber toda a nossa atenção e cuidado para com a família, assim como Jesus fez durante o seu ministério aqui na terra.