Estudo 11 - A Ceia do Senhor
INTRODUÇÃO
Vamos estudar hoje a Ceia do Senhor e a Páscoa judaica, as doutrinas sobre a quem a Ceia deve ser servida, a condição dos participantes da Ceia, doutrinas contrárias e a doutrina que usamos sobre os elementos da Ceia, e a finalidade da Ceia do Senhor
1) A CEIA DO SENHOR E A PÁSCOA JUDAICA
A Ceia do Senhor é o cumprimento da Páscoa judaica, que era profética, temporária e apontava para o sacrifício de Jesus. A Páscoa, instituída na saída do povo de Israel do Egito, para libertação da escravidão do jugo de Faraó, significava providência de salvação pela morte do cordeiro (Ex. cap. 12). A Páscoa foi do Antigo Testamento e a Ceia do Senhor é do Novo Testamento. O cordeiro (animal) da Páscoa ou dos holocaustos do A. T. tinha que ser perfeito e apontava para a pureza e santidade de Jesus. Como o animal era oferecido a Deus em sacrifício, assim Jesus ofereceu-se a Deus em sacrifício único, de valor eterno, para nos salvar. Como o sangue dos animais aspergido livrava da morte, assim o sangue de Jesus nos livra da condenação eterna. Páscoa quer dizer sacrifício do cordeiro que era comido pelo povo no A. T..
Isto ensina que nós precisamos comer o sacrifício do Cordeiro de Deus que é Jesus. Comer aqui significa receber pela fé o sacrifício de Jesus no Calvário, como único meio de apagar os nossos pecados. É receber o ensino, o amor e obedecer a toda a Palavra de Cristo. Comer espiritualmente (João 6:57 e v. 63). A Ceia do Senhor foi instituída por Jesus Cristo após a comemoração da Páscoa judaica, quando reunido com os apóstolos num Cenáculo em Jerusalém. Não é um sacramento, mas a segunda ordenança para a Igreja e é um memorial da morte de Cristo. Em Jesus a Páscoa foi cumprida e abolida, porque Jesus é a nossa Páscoa (1a Cor. 5:7).
2) DOUTRINAS SOBRE A QUEM SERVIR A CEIA
Existem pelo menos quatro doutrinas sobre a quem servir a Ceia. Nós seguimos a Bíblia com a seguinte posição: Jesus comeu e cumpriu a Páscoa judaica com os doze apóstolos. A Páscoa era para todos os judeus sem distinção. Antes de instituir a Ceia, Judas, que era perdido, foi desmascarado por Jesus e retirou-se (João 13:21-30). Em seguida Jesus instituiu a Ceia só com os onze (Mat. 26:21-28). Todos ali eram salvos, batizados, e estavam em comunhão uns com os outros e com o Senhor Jesus.
Assim, entendemos que as pessoas ainda perdidas ou as já salvas mas não batizadas nas águas, não devem participar da Ceia, pois a Ceia é comunhão dos arrolados (membros) da Igreja, uns com os outros e com o Senhor Jesus. As quatro principais doutrinas mais conhecidas sobre a Ceia são:
Primeira doutrina: é a da ala restrita, só servem a Ceia a pessoas da mesma denominação.
Segunda doutrina: é a da ala ultra-restrita, só servem a Ceia a membros da Igreja local.
Terceira doutrina: é livre para todos, há Igrejas que servem a Ceia para qualquer pessoa, seja ela salva ou não. Isto aborrece a Deus.
Quarta doutrina: a Ceia é servida a todos os salvos e batizados, membros de qualquer Igreja evangélica, em comunhão com suas Igrejas e com Deus. As 3 primeiras doutrinas que citamos estão em desacordo com a Bíblia. Nós usamos a quarta doutrina e entendemos que esta é a doutrina correta dentro da Palavra de Deus.
3) A CONDIÇÃO PARA PARTICIPAR DA CEIA
Leiamos 1a Cor. 11:23-33. Quem participa da Ceia indignamente atrai juízo para si, isto porque está crucificando a Cristo pela segunda vez com os seus pecados ainda não perdoados. Em Heb. 6:4-6; 9:25-28 diz que Cristo morreu pelos nossos pecados uma única vez. Quando há arrependimento e perdão, os pecados são transferidos para o sacrifício de Jesus no Calvário.
Porém se não houver arrependimento e conserto, é como se Cristo estivesse sendo crucificado de novo por esses pecados. Isso é impossível. Nesse caso a maldição destes pecados permanece sobre o crente (1a Cor. 11:27 e vs. 29 a 30). O texto trata da indignidade das ações dos salvos e batizados. A indignidade está ligada a qualquer tipo de pecado que impeça o crente de discernir o Corpo do Senhor e Sua obra redentora, assim como de apreciar o significado dos elementos e de se aproximar de Deus em atitude solene, meditativa e reverente.
A responsabilidade deste ato é de cada um individualmente. Portanto o crente deve examinar a si mesmo, se necessário arrepender-se e consertar-se, pedir perdão a Deus e aos outros, e participar dignamente da Ceia do Senhor. Deve participar da Ceia todo salvo e batizado, membro de qualquer Igreja evangélica, em comunhão com sua Igreja e com Deus. O texto é claro. Deus quer que o crente se examine, se conserte e participe (1a Cor. 11:28).
4) DOUTRINAS CONTRÁRIAS SOBRE O PÃO E O VINHO
A Igreja Luterana adotou a doutrina da consubstanciação (união de dois elementos em uma só substância) dizendo que o pão e o vinho ao serem tomados, de alguma forma transformam-se na carne de Jesus. A Igreja Católica Romana adotou a doutrina da transubstanciação, e ensina que a hóstia ao ser consagrada, transforma-se no corpo, sangue e divindade de Jesus. A doutrina daconsubstanciação assim como a da transubstanciação são doutrinas erradas. “Eles ensinam heresias”.
Se houvesse a transformação, Jesus não diria: “fazei isto em memória de mim” (1a Cor. 11:24-25). Quando se celebra a memória de alguém, este alguém não está presente, porque se estivesse não seria em sua memória. A Ceia é um memorial do sacrifício físico (humano) de Jesus. Quando Jesus disse: “Tomai e comei, isto é o meu corpo” e “Tomai e bebei, isto é o meu sangue”, não quis dizer que o pão era realmente o seu corpo e o vinho era realmente o seu sangue, porque se assim fosse Jesus não diria isto é, mas este é.
5) A DOUTRINA QUE USAMOS SOBRE O PÃO E O VINHO
Em certas ocasiões Jesus disse: Eu sou o caminho, Eu sou a porta, Eu sou a videira, etc.. Usava palavras figuradas para ensinar através de comparações. Na Ceia, Jesus comparou o pão com o seu corpo e o vinho com o seu sangue. Assim, Jesus quis dizer que o pão e o vinho que nós consagramos, para uso neste memorial solene, são símbolos do seu corpo e seu sangue, dados por nós no Calvário, e que nós deveríamos manter isto vivo em nossa mente.
Portanto esta é a doutrina que usamos e entendemos como a correta dentro da Bíblia. Não ocorre nenhuma transformação. O pão e o vinho continuam pão e vinho mesmo. Quando participamos da Ceia e partimos o pão, é como se declarássemos que nossos pecados feriram e moeram o Corpo Santo de Jesus na cruz do Calvário, assim como o pão é ferido e moído por nós.
Quando tomamos o vinho estamos dizendo que o sangue que Jesus derramou nos purificou de todo o pecado, nos remiu para sempre e nós o recebemos pela fé. O pão simboliza o corpo de Jesus (sua carne) e o vinho (suco de uva) simboliza o seu sangue. A Ceia é momento de comunhão. Por isso devemos esperar uns pelos outros para tomarmos juntos os elementos (1a Cor. 11:33).
6) A FINALIDADE DA CEIA DO SENHOR
Cristo fez um Testamento eterno para nos salvar e abençoar sempre. Quer que nós assumamos com Ele compromisso sério de sermos-Lhe fiéis e fazermos a Sua obra. A finalidade da Ceia do Senhor é lembrar que a morte de Jesus é o evento mais importante de todos os tempos, e aoparticiparmos da Ceia, elevar a nossa mente até o Calvário e vermos pela fé o grande sofrimento de Jesus por nós. A agonia de Jesus começou naquela quinta-feira à noite no Getsêmani.
Continuou por toda a noite até o amanhecer. Às nove da manhã de sexta-feira, Ele foi pregado na cruz. Agonizou na cruz durante seis horas. Às três da tarde estava morto (Mc. 15:25-38; Luc. 23:44-46). Devemos relembrar desde o Getsêmani (Luc. 22:39-46), quando Jesus, posto em agonia, orando, que seu suor se tornou em grandes gotas de sangue. Depois foi preso, blasfemado, caluniado, esbofeteado, açoitado... Bateram-lhe com uma cana. Os açoites abriram cortes em sua carne. Recebeu uma coroa de espinhos em sua cabeça. O sangue escorria pelo seu corpo.
Recebeu o escárnio e a zombaria. Finalmente foi crucificado. Seu corpo, pregado na cruz. Suas mãos e seus pés traspassados pelos cravos. Todo o seu sangue foi derramado por nós. Realizou um sacrifício vicário (em favor de e em lugar de). Quão terrível foi o tormento de Jesus. E tudo isto que Ele sofreu foi o castigo e a culpa dos meus pecados, dos seus pecados e de todos os que assim crêem. Nossos pecados crucificaram o Filho de Deus. Jesus recebeu e carregou sobre Si a maldição dos nossos pecados (Isaias 53:4-6).
A Ceia é momento de recordar a memória de Jesus Cristo. Devemos celebrá-la constantemente a fim de refletir bem todas estas coisas e mantê-las vivas em nossa mente. Quão grande e incomparável é o amor de Jesus por nós. Este é um momento de enlevo espiritual. É solene e de profunda reflexão e deve nos despertar e estimular para sermos mais consagrados, mais obedientes, mais santificados, mais envolvidos com o Reino de Deus, servindo-O com amor e gratidão. Devemos anunciar esta grande salvação (a sua morte) a toda criatura, até que Jesus venha (1a Cor. 11:26).
7) APELO
Este estudo aplica-se mais aos salvos. Se alguém, no entanto, ainda não nasceu de novo e não tem certeza da salvação, arrependa--se e creia pela fé que os seus pecados crucificaram Jesus. Creia que Cristo já recebeu na cruz o castigo que você merecia, e receba hoje pela fé o perdão e a salvação (Rom. 3:20 e v. 28; Efésios 2:8-9; Isaias 53:4-6).
CONCLUSÃO
Jesus cumpriu a Páscoa judaica, instituiu a Ceia que é um memorial da sua morte e é a 2aordenança. A doutrina que usamos é que a Ceia do Senhor deve ser servida a todo salvo e batizado em comunhão com sua Igreja e com Deus. Todo crente deve examinar a si mesmo, se necessário consertar-se diante de Deus e dos homens e participar dignamente da Ceia do Senhor.
O pão e o vinho usados na Ceia são símbolos do corpo e do sangue de Jesus e não ocorre nenhuma trans-formação. A finalidade da Ceia é recordar o grande sacrifício de Jesus por nós. Devemos celebrar sempre a Ceia do Senhor e manter estas coisas vivas em nossa mente. Amém. Leia a Bíblia.